28 fevereiro, 2016

Rainha Vermelha - The Hunger Game of Thrones: The Last Lightningbender




  "Nas histórias, os velhos contos de fadas, um herói vem. Mas todos os meus heróis se foram ou estão mortos. Ninguém está vindo me salvar. "

Não, não é o livro da Philippa Gregory

  Distópico e fantástico, Rainha Vermelha tem seu lugar na lista de YA do ano de 2015. Duvidando e se envolvendo cada vez mais com os personagens. Segurem-se em seus assentos, pois este livro vai te levar por uma viagem que passa pela terra dos X-Mens, Avatar, pelas ideias – não narrativas, ufa! - de George R. R. Martin, pelo temperamento da Katniss Everdeen de Jogos Vorazes, a separação de classes em Divergente e, abusando um pouco do seu conhecimento literário, por 1984 de George Orwell.
“Eu te disse para esconder seu coração. Você deveria ter me ouvido.”
  Calma lá amigos, vamos por partes. Em uma atmosfera ‘Orwelliana’, nós estamos em Norta, um país que está em uma guerra constante há mais de um século com os países vizinhos.  

  A Elite Prateada menospreza os cidadãos de classe baixa – chamados de Vermelhos – os obrigando a viver na pobreza e os obriga a servir como soldados, independente do sexo, assim que completam 18 anos de idade. Nossa personagem, Mare Barrow (é aqui que entra a personalidade da Katniss) é uma garota que vive do que rouba de outros pobres, mesmo tendo sua atitude como absurda e ignorantemente reprovada por sua família. Ela será obrigada a ir para a guerra em poucos meses, seguindo assim o mesmo destino de seus outros três irmãos mais velhos.

  Voltando aos Prateados, a elite nobre e com poderes mágicos. Isso mesmo, essa é a parte onde os X-Mens e Avatar (não aquele filme com bichos azuis, a animação canadense mesmo) entram em cena – dobradores de água e metal, manipuladores de natureza, super-força, telepatia e entre tantos outros, os mais perigosos são chamados de Murmuradores: eles entram na sua mente e o que é dito por eles, você é obrigado a obedecer de imediato. Com todos esses poderes, é claro que fica fácil manter sob controle qualquer um que pensar em uma rebelião.


  Para mostrar o quão poderosos são os Prateados, torneios são realizados em arenas nas vilas vermelhas – assim eles podem exibir seus poderes apenas para apagar quaisquer ideias revolucionárias. Toda primeira sexta-feira do mês, a classe baixa é obrigada a testemunhar a espantosa/terrificante/assombrosa/traumatizante luta entre dois Prateados.

  Isso é o que separa os Vermelhos, e torna os Prateados superiores: superpoderes.

  Agora que sabemos um pouco de cada povo, podemos entrar na cena Game of Thrones: os Prateados têm famílias, ou dinastias como você preferir. Cada família faz parte de uma Casa, umas mais e outras menos influentes, cada uma com seu poder e sua cor, assim podem ser diferenciados só de olhar para suas roupas.

  A parte emocionante do livro começa com a grande festa para o filho do Rei, o herdeiro de todos os povos. A ‘festa’ na verdade é uma grande competição entre as jovens - gananciosas egoístas e ambiciosas - de cada uma das Casas, onde as garotas tem que demonstrar seus poderes em diversas provas para eleger a mais forte entre todas – a garota que realmente merece a mão do herdeiro do trono, tornando-se assim a futura rainha.

  O que é realmente me agrada aqui é que distopia sempre é tomada como sinônimo de moderno, futurista, imaginário... Mas a história gira em torno de aldeias, mercados, casas, espadas, e reis e tronos, e misturando isso com câmeras, eletricidade, armas, motos, jatos, metrôs (chamados de sub-trens). O que dá a entender é que, como em Divergente: havia um mundo – o nosso mundo – antes de toda essa civilização.

  Papo vem, papo vai; depois de algumas desgraças nossa protagonista é forçada a trabalhar no palácio juntamente com outros servos Vermelhos, e durante esse grande evento para escolher a próxima rainha... BOOM! Rola um acidente e todo mundo descobre que: a mais nova criada tem superpoderes assim como os prateados.
  
  O ponto importante é que: diferente de Katniss e de Tris: dá pra gostar da Mare logo de começo. Ela erra, mas não banca a fracote. Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, e inimigos também; e Mare Barrow não hesita e mete um jab na primeira oportunidade de combate com sua principal inimiga. Isso é o que me fez gostar de Mare e consequentemente do fato da autora não poupar o lado ruim dos personagens e a crueldade de ambos os lados – assim como a adaptação cinematográfica de Jogos Vorazes.

  Ah sim, Mare é capaz de controlar a eletricidade; não só controlar, mas sim criar eletricidade. Isso significa que ela não precisa absorver seus poderes de algum lugar, assim como os manipuladores de fogo que precisam criar a faísca, isso faz Mare ser uma sangue-vermelho mais forte que qualquer prateado [ALERTA DE SPOILERExistem mais pessoas de sangue vermelho com poderes, e o governo as caça e mata antes que mais Vermelhos tomem conhecimento disso – vocês já viram isso em algum lugar? Eles só não assassinam Mare pois ela demonstrou seus poderes durante o evento mais importante da vida de um príncipe, enfim, foi um acidente nem deu pra disfarçar].

Quase me esqueci:
  • Tem romance sim, triângulo amoroso até, mas na medida certa pra quem quer ação, porém deixa a desejar pra quem acabou de ler A Seleção
  • Tem traição, aliás, é uma das frases mais usadas durante o livro: Todo mundo pode trair todo mundo.


  • Tem revolta e revolução também, com uma personagem um pouco clichê, Diana Farley,  mas muito badass liderando a guerra toda e criadora de uma frase de efeito do caramba: Vamos levantar vermelhos como a Aurora;



  ...Não posso dizer que é só mais uma distopia YA, mas sim um livro que segue um dos principais conselhos do livro Roube como um Artista (Austin Kleon, pela Rocco):

‘’NADA É ORIGINAL. O escritor Johnathan Lethem disse que, quando as pessoas chamam algo de original, nove entre dez vezes elas não conhecem as referencias ou fontes originais envolvidas; ‘’ pag.15

 Quando você referencia diversas obras – também não originais – sua obra fica tão complexa, completa e bem contextuada que pode ser chamada de original. O que quero dizer é que, a sra Aveyard fez a lição de casa e uniu mundos para criar o seu próprio, tipo o final de Sword Art Online – desculpa o spoiler.

“Many things led to this day, for all of us. A forgotten son, a vengeful mother, a brother with a long shadow, a strange mutation. Together, they’ve written a tragedy.” 

'Muitas coisas levaram à este dia, para todos nós. Um filho esquecido, uma mãe vingativa, um irmão com uma longa sombra, uma mutação estranha. Juntos, essas coisas escreveram uma tragédia."


  O que me resta é aguardar a continuação - Espada de Vidro - pra poder finalmente me unir à Guarda Escarlate (fala sério, essa Farley é ótima com frases de efeito) e conhecer os novos mutantes e saber quem fica com quem, porque uma novelinha nunca é demais.


Vou terminar o post com essa fanart incrível, creditada diretamente na imagem: 








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